terça-feira, 19 de abril de 2011

Para ela




Um dia desses de manhã bem cedinho, ou melhor, de madrugada Ela abriu os olhos ao ouvir um barulho na porta, se manteve deitada, esperando... esperando... esperando... não era nada. Perdeu o sono e levantou, foi ao banheiro e deu de cara com o espelho. Parou. Lavou o rosto e sentou na privada para sua mijada matinal. Voltou para o quarto, o dia ainda não estava claro e Ela decidiu sair de casa e dar uma volta pelas redondezas. Respirou o ar do sol acordando com preguiça de levantar e ficou parada um tempo no meio da rua ouvindo o silêncio da madrugada. Voltou pra casa e olhou as horas: eram seis e sete. Pegou uma folha de papel e começou a escrever:
"Oi, eu sei que já faz tempo que você deixou de existir e não há nada que possa fazer você voltar. O passado nunca vai voltar a ser presente, mas é que as vezes me bate uma saudade daquele tempo em que o mundo era azul com bolinhas brancas e você não tinha com o que se preocupar, tudo era mais fácil. Sinto falta da sua inocência. De quando eramos a mesma pessoa. Eu mudei, e como mudei! Você foi embora e eu apareci. Agora tem outra querendo tomar o meu lugar, estamos juntas, mas a minha morte esta próxima, pra onde você foi? Eu tenho medo dessa outra... Será que vamos voltar?
É... a vida é uma constante mudança que acompanha o fluxo da terra, gira, gira, gira, gira...e a gente vai se reciclando... o seu eu já foi. O meu eu quer ir."
Para meu passado.