Para Alexandre
Segunda, 30/06/2014
Uma vez li uma fábula em que um
peixe virava homem. Hoje vi homem virar chuva escorrendo no espaço.
As mãos da chuva eram feitas de
rocha fundida em placas tectônicas em movimento; o peito era feito de
água-viva; e os pés, das raízes de um baobá. O resto era chuva dançando em
pingos grossos de um temporal silencioso.
Os pontos luminosos do céu me
indicavam caminhos não óbvios para o existir de minh’alma transeunte, e a chuva,
que eu via fundida ao homem, levava meu olhar numa valsa incandescente.
Num espaço mágico, tão mágico
como aquele, as possibilidades reverberam à existência daquilo que é visível,
com cores de passagem, num instante transitório onde tempo e espaço são
narrados pela ação.
E tudo vira poesia narrada pelo
cruzeiro do sul e pela luz alaranjada e prateada e azul. E o silêncio grita a
minha gratidão em poder presenciar essa existência revelada pela transitoriedade
de ser em vida.