quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Vazio

Uma tarde chuvosa, o filho pergunta pro pai:
- Pai oq é vazio?
- Você quer mesmo que eu responda?
- Quero!
-


















- humm... continuo achando semelhança com o silêncio

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Teatro Mágico

Bom O Teatro Mágico está de volta à Natal dia 23 deste mês. Então decidi postar uma entrevista que vi com o Fernando Anitelli.

EntreCantos– Como aconteceu a construção do espetáculo do Teatro Mágico como ele é hoje?Fernando Anitelli - Eu trabalho com música há 10 anos. Tive um outro trabalho chamado Madalena 19, que buscava fuçar e experimentar com musica brasileira, eletrônica, inglesa e batidas diferentes. Paralelamente, freqüentava muitos saraus, que eram oportunidades em que aconteciam muitas coisas ao mesmo tempo, com músicos que apresentavam seus trabalhos, alguém que falava um texto, um palhaço que mostrava um número... O sarau foi a célula para juntar várias vertentes dentro de um mesmo plano. Eu já compunha e sempre quis misturar teatro com música, circo e poesia...
EC– E de onde vem o nome O Teatro Mágico?
FA - Nesta mesma época, eu estava engajado na leitura de uma obra de Herman Hesse, O Lobo da Estepe . Tem uma passagem em que o personagem descobre que é feito de milhões de personagens dentro dele... E assim somos nós. Essa é a grande sacada do Teatro Mágico hoje. Não somos seres limitados, mas formados por diversos personagens de nós mesmos. Em outra passagem, o personagem via escrito em um letreiro “Teatro Mágico: entrada só para raros”. Quando ele vai embora e olha de novo, está escrito “Só para raros”. E essa frase não exclui ninguém. O convite é para todos, pois só existe um de nós. Já estamos em extinção. Esta é uma conversa rara, por exemplo. Não existe um outro momento, outra oportunidade como essa. Em cada situação, momento, buscamos levar essa valorização do ser humano. O TM trata de valores humanos, coisas do cotidiano, preconceito, falar errado, se apaixonar, se revoltar... Tudo isso tem reflexo no trabalho quando ele é feito, porque não queremos que o TM seja visto como uma trupe de palhacinhos e bonequinhas. Queremos juntar essas vertentes de arte, ser independentes, tornar esse trabalho algo digno.
EC - Como foi a gravação do primeiro CD?
FA - Eu tinha as idéias e músicas prontas. Fui até o estúdio, fiz uma parceria com Ronaldo Rossato – que assina a produção do primeiro CD e assinará a do segundo – comecei a gravar e fui convidando os amigos. Foram 30 pessoas, entre integrantes do Cordel do Fogo Encantado, a percussionista Simone Soul, Pavilhão 9... Deu pra juntar numa panela, numa grande sopa vários timbres diferentes. O primeiro problema, que era gravar o CD, foi resolvido. O segundo problema era como executar este show, com coral, música feita só com percussão, poesia... Era preciso montar a trupe para poder acompanhar nessa segunda parte do projeto, para que ele se tornasse possível ao vivo. O CD foi tratado o tempo inteiro como se fosse peça de teatro. Ele não tem pausa entre uma música e outra, e cada coisa é intencional. Algumas faixas são só vinhetas, porque a música não precisa ter um começo meio ou fim. É como assistir a um filme de David Lynch – me perdi na história, mas saí do cinema estranho. Não é preciso entender começo, meio ou fim, mas passar alguma sensação. Medo, insegurança, festa... Tudo isso foi colocado no CD. Misturado com poesias e músicas por si só.
EC - E como aconteceu a montagem do show?
FA - A nossa principal idéia era mostrar que não existe palco e platéia, com uma muralha que precisa ser quebrada. Um show é uma oportunidade de pessoas raras se encontrarem, e compartilharem das coisas que acham fazer sentido. E isso tinha de ser montado de alguma maneira. Nosso primeiro show durou três horas e meia. Tinha poesia, festa, ciranda no meio do palco... Uma bagunça organizada. Naturalmente, tinha a ordem das músicas, onde iriam entrar as poesias. Eu ensaiava com metade da trupe em um dia, com outra metade no dia seguinte e tínhamos um ensaio final antes do show. Era uma apresentação longa, mas tudo foi necessário, porque estávamos nos descobrindo e amadurecendo o espetáculo. Depois, ficamos na célula de cada coisa: o que deu certo, os melhores momentos... Com o passar das apresentações, assistindo a vídeos, percebemos onde tem momento de silêncio, onde pode melhorar. Ao longo do tempo, entraram mais informações sobre o Lobo da Estepe , textos meus, teatro, lira, malabares... Agora, queremos usar tecido, juntar realmente tudo isso numa coisa só. O TM se encaixa em qualquer lugar, seja palco, quintal, sala... Conseguimos ocupar o espaço da maneira mais adequada.
EC - E como foi formada a trupe que hoje é o Teatro Mágico?
FA - Depois da gravação do disco, muitos participantes não poderiam se apresentar, pois já tinham outros trabalhos. Foi quando eu chamei amigos, metade deles conhecida nos saraus que freqüentava. Todos já tinham provado o que era compartilhar da arte, de ouvir, brincar junto. E outros foram convidados porque eram amigos da rua, do bairro (Fernando Anitelli nasceu e se criou em Osasco, município da Grande São Paulo) . Quem não se conhecia, se conheceu... Hoje, viajamos juntos pra Carnaval, passamos madrugadas juntos fazendo nosso próprio sarau. O que todos tinham em comum era a amizade comigo.
EC - O figurino é um outro atrativo dos shows. Por que escolher a pintura de palhaço?
FA - A escolha do figurino foi motivo de dúvidas para alguns no início. Para que usamos a coisa do palhaço? Porque ele é 100%, um ser muito disposto. Uma coisa que usamos como chavão pra todo mundo: os opostos se distraem, os dispostos se atraem. Até uma simples bicicleta pode ser um pretexto para um palhaço dar show: com apenas quatro pedaladas, ele faz o povo rir, cai, levanta, com disposição de fazer arte sem o compromisso de buscar fórmula que dê certo. Nós queríamos realizar as coisas, falar as poesias, brincar no palco, fazer um circo em que a gente possa brincar de pensar. A trupe virou um círculo de criação, criatividade, uma célula forte por si só... Para isso se realizar ao vivo, não basta tirar as músicas e se apresentar. A trupe acredita no que está fazendo e tem essa disposição permanente.
EC - O número crescente de fãs e a sintonia que eles mostram com o espetáculo é uma das coisas que chamam a atenção. Como surgiram os primeiros?
FA - Os primeiros fãs foram formados pela turma da rua, que chamava os outros amigos, que chamavam outros, outros... Se cada integrante da trupe chamasse um ou dois, já teríamos um público razoável. E, pra gente, não foi em nenhum momento uma coisa tão surpreendente o que acontecia com a platéia. Tivemos público desde 40 pessoas, 60, 70, 200, nossa, 400, 500, uau, 900! Conseguimos acompanhar tudo isto, não foi um sucesso que aconteceu do dia pra noite, como aquele de quem se tranca em uma casa por meses, toma banho para muitas câmeras e depois sai em capa de revista. Ensaiamos muito sem dinheiro, tínhamos de pagar aluguel do som, imprimir flyers... Em tudo isso, estávamos nos ajudando, com o compromisso de fazer algo que valesse a pena. Nos primeiros shows, pedíamos palavras para a platéia, para compor uma música, chamávamos (e ainda chamamos) gente para o palco... Somos todos palhaços, seres comuns naquele momento. Por isso, quando o fã vai a um show com o nariz de palhaço, se coloca como mais um de nós. A trupe se estende ao publico, porque as pessoas entendem que buscamos ser um personagem em comum. Uma vez, batemos palma em uma música, e todos passaram a bater palma nas outras apresentações. Pedimos para todos sentarem em Realejo uma vez, e desde então sempre as pessoas se sentam quando ouvem esta música. Elas fazem trenzinho em Camarada D'água , choram em Anjo mais Velho ... Elas sabiam que cada música, em cada momento, tinha sua força. E a maneira que tudo isso tomou forma, ao longo deste tempo, foi muito bacana. Foi um reconhecimento para todos nós, como se fosse uma aprovação, algo como “estamos com vocês, também fazemos parte desta trupe”.
EC - Onde foi a primeira apresentação?
FA - Aconteceu no Café Uranus, uma casa de shows na região central de São Paulo, em Santa Cecília. Era um espaço com apresentações das mais diversas e capacidade para 350 pessoas, mas era um espaço bonito, tinha a cara do TM de certa forma. Hoje, ele não comporta mais a nossa infra-estrutura, não apenas para o número de pessoas que vai aos shows, mas também para apresentações de trapézio, tecido... Foi um lugar que nos apoiou e do qual temos saudade.
EC - Qual é a previsão para o lançamento do segundo CD? Também será vendido de maneira independente?
FA - Ele deve ser lançado em junho ou julho e deve se chamar O Teatro Mágico – Segundo Ato . Também é um material produzido de maneira independente, mas o preço pode ser um pouco maior, por 10 reais (o primeiro CD, Entrada para Raros , custa cinco reais), porque vamos tentar fazer pela Zona Franca de Manaus, com encarte bacana... E ainda é um preço digno. Porque combatemos o fato de as multinacionais, empresas que nem são brasileiras, pegarem um artista de expressão local e transformarem o trabalho em um produto vendável, com preço de 40 reais, sendo que essa renda nem vai para o artista. Se uma trupe humilde de Osasco consegue fazer a 10 reais um trabalho bom, porque uma multinacional faz a 40 reais? Em que jabá está parando isso? Essa verba não se transforma em melhorias para o artista e nem para o consumidor. Conseguimos comprar esse mesmo CD por 5 reais, 10 reais quando são pirateados porque existe essa falta de cuidado com a multinacional em valorizar o trabalho do artista. É justamente isso que combatemos, essa exploração do musico. Por isso levantamos essa bandeira da independência, como já fizeram Racionais MCs, Funk Como Le Gusta, Antonio Nóbrega, Secos & Molhados, todos eles têm uma história bonita de independência. Enquanto somos independentes, temos noção da direção que o trabalho está tomando, como ele está funcionando.
EC - Mas, e se vocês sofrerem assédio de gravadoras? Qual será a postura de vocês frente a um possível contrato?
FA - O que já passou pela nossa cabeça foi buscar distribuidoras. Com o primeiro CD, já vendemos 8.500 cópias e pretendemos chegar na marca de 15 mil cópias. Não sabemos como serão as vendas do segundo. Mas não podemos nos esquecer jamais do que nos trouxe até aqui, que foi o sarau, o teatro de rua, a participação que temos nas nossas comunidades. O artista precisa ter compromisso social. Ele não pode fazer apenas entretenimento. Não pode ficar duas horas na frente do microfone falando só do umbigo ou de qualquer outro assunto que não alimente as pessoas. Isso é um desperdício muito grande. O que pensamos é em realmente manter esse cuidado com o trabalho, o carinho, não perder essa vontade infantil de brincar no palco, compor, brincar com o público... Não queremos perder esse carinho jamais. Uma vez que o artista está no mainstream , ele passa a tocar em lugares diferentes. E hoje buscamos tocar fora dos centros também.Não queremos tocar só no mainstream , mas para todo mundo. Se aparecerem interessados em nos contratar nesse sentido, o cuidado que teremos é realmente manter o trabalho com essa experimentação, essa vontade de brincar de pensar. Sem perder essa essência do TM. Caso apareça uma gravadora, vamos conversar, ver como será essa parceria, como funcionará a distribuição... Queremos fazer parceria com as pessoas, sem vender nosso trabalho como um salgadinho, por exemplo.
EC - Vocês têm fãs em outros Estados, mas nunca fizeram um show fora de São Paulo. Quando isso deve acontecer?
FA - Sim, e temos comunidades no Orkut de vários Estados, sem nunca termos saído. São pessoas que foram às nossas apresentações e levaram as idéias para outros lugares. Não vemos a hora de poder ir a outros locais. Existe uma possibilidade de irmos para Minas Gerais em maio, para o Recife... No dia 12, um pedaço bem pequeno da trupe está indo pra Curitiba (eu e mais dois músicos) para abrir um festival independente de música. E estamos vendo a oportunidade de ir a outros festivais. Não estamos na mídia mas estamos lutando para valorizar a produção de música brasileira.
EC - Vocês ainda têm atividades paralelas ao Teatro Mágico?
FA - Até o ano passado eu dava aulas de inglês e aulas de violão. A nossa boneca malabarista é uma tatuadora. O baterista é dono de uma loja de instrumentos musicais. O trapezista é um ator que faz curtas. O violinista toca com outras bandas e busca tocar em uma orquestra... Eu hoje vivo só do Teatro Mágico. Estou trabalhando também na produção de um outro CD com música infantil, faço quadrinhos, quero lançar um livro só de poesia. Quero trabalhar com arte, não depender de outras coisas. Hoje, não quero a arte apenas como hobby – coisa que ela foi durante muito tempo para mim. Trabalhei no Bradesco por sete anos, dei aulas de inglês, violão, e a arte sempre era um hobby. Hoje, ela é minha profissão.


* Fonte: http://www.entrecantos.com/entreteatro.htm

  • O show vai ser no Centro de Convenções dia 23 -sábado- e os ingressos estarão a venda na loja Sonho Meu Presentes, localizada na Av. Hermes da Fonseca, 620, Tirol, Natal/RN.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Dança da vida

Na dança do tempo ao som do tic tac das horas, a vida vai passando. As vezes nem percebemos que a coreografia tá rolando e nós devemos acompanha-la pra não sair do ritmo.
Eu to tentando entender o rumo do espetáculo que vivo, está tudo confuso....ou não...não sei dizer.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Poesia e música

A dança do silêncio
Num sorriso silencioso eu me perco,
eu me deixo escapar,
Deixo escapar um olhar gentil
de timidez e alegria

No silêncio eu viajo!
Ao som uivante do vento,
Do vento batendo nas árvores
Árvores paradas, que dançam
ao som do vento.

Ela me olham,
me observam...
acompanham minha dança.

No silêncio o simples sobressai...








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"Onde anda o meu amor?
Passei a noite a procurar sem achar
Será que alguém já a levou?
E em outros braços ela nem se lembra mais
Do meu coração que apertado bate forte
Pensando nela
Lembrando do seu calor
E agora sem esse amor
Resta o frio e esse samba pra cantar.


[ Noite seca- Eta Carinae]"

  • Aí tá uma dica de banda e música interessante! Eta Carinae se utiliza de um estilo psicodélico em suas músicas, o que torna o som diferente e inovador. Muito bom, eu recomendo!